Kombi, a velhinha que vai longe
A velha e boa Kombi, veículo emblemático da Volkswagen, está de volta. Que ela jamais morreria em nossas lembranças é fato, mas imaginar que depois de ter a produção interrompida ela poderia voltar, apenas os amantes da Kombi apostariam nessa ideia.

Aqueles que jamais abandonaram a paixão por ela são os que podem vibrar com a notícia de que a boa e velha Kombi vai reaparecer no mercado moderna, atualizada, reestilizada, e principalmente atendendo todas as exigências da lei, além de carregar tecnologia de ponta.
O emblemático veículo de passageiros e carga batizado por Kombi, tem seu nome abreviado de “Kombination fahzeug”, pois a tradução literal do Alemão significa “veículo combinado”, isso equivale a dizer que a expressão “combinado” pode-se facilmente ser substituída por “multiuso”, sem comprometer seu verdadeiro significado. Logo, Kombi é sinônimo de veículo multiuso.
A emoção, nunca sentida antes, de dirigir um veículo robusto e poderoso voltou para alegrar aqueles que demonstram verdadeiro apego pelo carro da Volkswagen que foi criado há décadas, cumpriu com os objetivos de sua concepção ao levar pessoas para o passeio, pequenas ou grandes viagens, transportar famílias inteiras de uma só vez, bem como para levar e buscar trabalhadores às indústrias.
Útil também para o auxílio no trabalho de feirantes, foram espetaculares como ambulâncias, como vans escolares, como carro de pastel, frigoríficos, entre muitas outras atividades, inclusive servindo ao patrulhamento da Polícia Militar.
Saudosismo à parte, a nova versão van da Kombi, exibe entradas de ar que tomam todo o para-choque, grade frontal com frisos finos e metálicos, faróis retangulares com luzes diurnas e spoiler traseiro.
Segurança à toda prova, por dentro oferece console com monitor de 6 polegadas e piso com trilhos que facilitam a remoção dos bancos em couro.
Tecnologia de ponta, a evolução também poderá ser sentida nas seis opções de motores. São propulsores de 2 litros (aspirado e turbo) movidos a gasolina ou diesel, que rendem de 84 a 204 cv. Todos equipados com o sistema Start/Stop, que desliga e aciona o motor automaticamente nas paradas em cruzamento, semáforo ou congestionamento.
Apresentada e tendo a produção confirmada no Salão de Detroit em 2017, o conceito I. D Buzz tem capacidade para levar até oito pessoas, em assentos com várias opções de ajustes. A carroceria de estilo retrô tem pintura em dois tons e o enorme logotipo ‘VW’ na dianteira foi combinado a tecnologias atuais, por exemplo, como as luzes de LED. Ainda em termos futuristas, o sistema de direção é autônomo. A velocidade máxima alcança significativos 160 km por hora. Está tudo programado para que o lançamento no Brasil ocorra no ano de 2022.
O interessante é que mesmo com toda a tecnologia que receberá, bem como itens obrigatórios para voltar a ser comercializada, o estilho se mantem parecido e deve conquistar muitos fãs, mesmo os que são apaixonados pelo antigo modelo.
A Kombi no Brasil
O início da produção da VW Kombi no Brasil se deu em 1953, sendo a terceira fábrica da montadora alemã a produzir o utilitário em todo o mundo. Não para menos, as primeira unidades tão logo saíram do forno conquistaram o público brasileiro.
Em um primeiro momento, tanto a Kombi, como o Fusca que também começou a ser produzido em solo nacional, ainda recebiam peças importadas da Alemanha. Porém, em setembro de 1957, a perua se tornou, mesmo antes do Fusca, o primeiro carro produzido no país pela fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo. Foi então que teve início a história de maior longevidade da indústria automobilística mundial.
Desde o início de sua produção, mais de 1,5 milhão de unidades foram produzidas. Segundo a Volkswagen do Brasil, um dos pontos fortes da comercialização da Kombi foi sua fácil adaptação para os mais diversos tipos de uso: além de ter presença assídua em feiras e canteiros de obra, a perua Kombi também foi usada como veículo de lazer, biblioteca circulante, carro funerário, lanchonete etc. No entanto, a versão mais lembrada, com certeza é van escolar.
Em seus mais de 60 anos de vida, a Kombi passou por diversas modernizações. Em 1992, tornou-se o primeiro utilitário nacional equipado com catalisadores. Em 1997, chegou ao mercado com teto mais alto, porta lateral corrediça e sem parede divisória atrás do banco dianteiro. Além das versões com janelas de vidro ou furgão, a perua também foi fabricada como pick-up, com cabine simples ou cabine dupla.
Em 2005, o carro da Volks se tornou mais flexível, recebendo um motor capaz de rodar com gasolina, etanol ou com a mistura dos dois. Além disso, com resfriamento a líquido, o motor se tornou até 34% mais potente e cerca de 30% mais econômico do que o antecessor, refrigerado a ar, mais comum entre os modelos mais antigos.
Mesmo pioneira no tamanho e no que oferecia por atender vários segmentos, a Kombi acabou ficando ultrapassada frente às vans e minivans que surgiram ao longo do tempo. Esse fato fez com que a Volkswagen anunciasse o fim de sua fabricação no Brasil, em 2014, deixando muitos amantes do carro tristes e desesperados, afinal esse veículo fez parte da vida de muitas pessoas. Afinal, qual dentre os quarentões, cinquentões etc que nunca experimentaram a deliciosa sensação de se equilibrar em pé dentro da Kombi enquanto era dirigida por um tio ou pelo pai?
Naquela época não era obrigatório usar cinto de segurança e por esse motivo as crianças vinham disputando entre si quem conseguia ficar mais tempo sem por as mãos nas laterais para se reequilibrar. É certo que alguns tombos eram inevitáveis, mas nada que um simples band-aid não fosse capaz de resolver.
Para marcar o encerramento da produção de um dos modelos de maior sucesso da marca no Brasil, a VW ainda lançou em agosto de 2013 a Kombi Last Edition, com produção limitada a 1.200 unidades, vendidas na época a 85 mil reais cada. A edição trouxe itens exclusivos, como a pintura azul e branca, tipo “saia e blusa”, e elementos que remetem às inúmeras versões do veículo fabricadas no país.
Mesmo a esse valor, teve quem comprou de olhos fechados o veículo muito mais por paixão do que pela necessidade.
Dia Nacional da Kombi
Em 2017, a Kombi brasileira completou 60 anos de fabricação. O primeiro modelo produzido pela Volkswagen no país saiu da linha de montagem em 2 de setembro de 1957. Por essa razão, essa data foi batizada como o Dia Nacional da Kombi.
Mesmo fora de produção, a perua continua rodando pelas ruas do Brasil. Em São Paulo, segundo o Detran, Departamento Estadual de Trânsito, existem quase 387mil Kombis registradas só no Estado.
Pelo País, vários encontros e eventos são realizados em 2 de setembro para celebrar a data. Em São Paulo, proprietários e amantes da Kombi costumam se reunir com o público presente. No evento pode aparecer quem quiser para assistir vários modelos da “Velha Senhora”, muitos proprietários permitem tirar fotos e até tocar nos veículos (com cuidado, é claro). Desde 2014, com autorização da Volkswagen, essa data é comemorada pelos admiradores do veículo.
Sucesso com edições especiais
A Kombi fez tanto sucesso no Brasil e no mundo que algumas edições especiais foram lançadas ao longo dos 60 anos de produção.
Confira os quatro modelos que mais chamaram a atenção nas ruas e que foram capazes de aproximar os amantes da “Velha Senhora”:
Carat (1996): Versão de luxo, com teto alto, porta lateral e janelas de correr. Capacidade para 7 passageiros. Interior luxuoso com tecido diferenciado.
Série Prata (2006): Edição comemorativa ao fim do motor refrigerado a ar na Kombi. Produção limitada de 200 unidades.
Edição 50 anos (2007): Edição comemorativa aos 50 anos da Kombi. Produção limitada de 50 unidades.
Last Edition (2013): Edição comemorativa ao fim da fabricação da Kombi. Produção limitada inicial de 600 unidades, que mais tarde foi aumentada para 1.200 unidades.
A Kombi e suas utilidades
Customizada ou original, a Kombi marcou e marca época por poder ser utilizada de várias formas e para diversas atividades profissionais e pessoais.
Até os dias de hoje, de todos os automóveis já inventados, a Kombi foi o mais perfeito para se transformar, através de intervenção criativa, numa obra de arte ambulante e funcional. Além de ser um veículo quase totalmente customizável, possui uma estrutura robusta e fácil manutenção.
Veículo totalmente versátil, pois pode facilmente se tornar uma lanchonete ou oficina de chaveiro, a Kombi deixou de ser apenas um automóvel e adquiriu diversas utilidades. Mas, de todas as possíveis aplicações da Kombi como veículo, a mais criativa foi registrada pela primeira vez lá nos tempos dos festivais de Woodstock, quando foi totalmente personalizada por meio de pintura hippie e servia para transporte de artistas, bandas e instrumentos musicais.
Com certeza eram muito chamativas. Mas tarde o modelo de customização foi copiado quase no mundo inteiro. Alguns fizeram cópias por amor a arte outros, no entanto, as fizeram como forma de protesto à sociedade opressora dos movimentos jovens e anarquistas. Enfim, coisa que ficou registrada no passado e que não tira o brilhantismo do carro.
Por ter um grande espaço interno, o que pode virar um quarto ou até uma cozinha, a imortal e querida Kombi foi a solução perfeita para hippies, viajantes e nômades transitarem sem se preocupar com custos de hospedagem. Além disso, o lado de fora pode se tornar um grande painel, com infinitas possibilidades artísticas, expressando a identidade do proprietário.
Por essas e outras, esse carro continua sendo desejado para o trabalho, seja qual for, ou apenas para passeio com a família ou amigos, bastando pra isso, apenas, boa quantidade de integrantes no grupo.
Curiosidades da Kombi
Em meio a tantas curiosidades que cercam a Kombi, vale lembrar que o carro foi o primeiro Volkswagen brasileiro e não foi o Fusca, como dizem por aí. A produção foi iniciada na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Ela, aliás, tem uma história de pioneirismo: significou o início da fábrica que até hoje é a principal planta da montadora e ainda popularizou o ABC paulista, pois operários começaram a migrar para a Grande São Paulo em busca de empregos na fábrica, fazendo com que a região se desenvolvesse.
Com diferentes nomes pelo mundo, a Kombi acumula apelidos. Na Dinamarca ela é conhecida por Rugbrod. Os americanos a conhecem por Barndoor. Na Finlândia se chama Junakeula, Bulli na Alemanha e Papuga na Polônia.
No Brasil, os apelidos são vários. O mais conhecidos são Kombosa, Perua e “Pão de Forma” devido ao seu formato retangular. Existe ainda, o modelo corujinha que tem esse nome devido aos para-brisas, que são divididos e se assemelham aos olhos arregalados da ave.
Poucas pessoas se lembram, mas a Kombi a álcool tinha dois bocais de abastecimento. A entrada de abastecimento localizado do lado direito era um tanque de combustível comum, para álcool, e, do lado esquerdo, havia um bocal para gasolina, com o objetivo de auxiliar na partida a frio.
Em 2006, com o surgimento do sistema flex, a perua voltou a ter duas aberturas, porém diferentes das do modelo a álcool: o lado esquerdo era usado para a partida fria, somente com gasolina, e do lado direito ficava o bocal convencional, que podia receber álcool ou gasolina.
As máquinas e seus motores
Para finalizar as boas histórias que envolvem a “Kombosa”, os motores que equiparam a perua da Volkswagen tiveram várias versões desde seu surgimento. Ainda na Alemanha, em 1950, foi equipada com o motor 1.2 de quatro cilindros com refrigeração a ar e 25 cv. No Brasil, o mesmo propulsor tinha 30 cv. Com o lançamento da configuração picape, em 1967, veio o 1.5 de 52 cv.
Já em 1975, a Kombi recebeu motor 1.6L de 58 cv e, três anos mais tarde, a adoção da dupla carburação gerou 65 cv. A opção com motor 1.6 a diesel surgiu em 1981, refrigerado a água, e com 60 cv, oferecido apenas para as carrocerias picape e furgão.
No ano seguinte, em 1982, foi lançada a versão movida a etanol. O 1.6 tinha potência de 56 cv e coletor de admissão. Tempos depois, ao final de 2005, a Kombi ganhou motor 1.4 de quatro cilindros flexível. Na ocasião, a Volkswagen informou que o modelo havia se tornado até 34% mais potente e cerca de 30% mais econômico que o antecessor, ainda refrigerado a ar.
De 2010 até 2013, os motores que empurravam a Kombi eram Aspirados, alimentados por injeção multiponto, com 4 cilindros em linha, impulsionados por correia dentada num cabeçote simples e de 2 válvulas por cilindro. Esse motor trabalha com uma taxa de compressão de 11:1 numa potência de 1.4 cilindradas cúbicas capazes de gerar poderosos 80 cavalos de potência. Em solo brasileiro, tudo isso ganhou versão Flex.